quinta-feira, novembro 21, 2013

UTZ K48 - Pelas belas margens do Zêzere


A malta encanta-se com os relatos das viagens de Miguel Cadilhe pelo mundo, mas nunca leu Raul Brandão, José Régio, Camilo Castelo Branco ou Eça descrevendo as paisagens do nosso país ( desculpem, mas não conheço autores mais contemporâneos). Muito conhecem mais depressa os Alpes ou os Pirenéus e as suas "estâncias turísticas" do que a "sua" Serra da Estrela, a Lousã a do Gerês e a muita oferta de "turismo natureza e de habitação" que por lá há. Já para não falar de que alguns preferem viajar 17hrs para Alcapulco ou mesmo 20hrs para as Seychelles,  mas não conhecem as belas praias de Milfontes, da Zambujeira ou mesmo Tavira. Não é com a intenção de fazer um julgamento acerca das escolhas dos outros ou afirmar uma supremacia moral que escrevo isto, também eu gosto, sempre que posso, conhecer o mundo, mas também posso dizer, orgulhosamente, que conheço uma boa parte do país em que nasci e acerca do qual não me canso de apregoar aos sete ventos, é belo, é rico em paisagens naturais e humanas, é nosso! Bem... para quem gosta de natureza, património, cultura, boa comida e aprecia respirar até que lhe piquem nas narinas as essências que a terra respira, porque para quem não gosta, sorteio uma semana de férias em Benidorm, refeições de calamares com batatas fritas, lojas chinesas a vender sombreros coloridos, praias a cheirar a óleo de côco e combustível e a companhia ruidosa de suburbanos ingleses ou alemães a beber cerveja às 10 da manhã. Pronto, estou a fugir para a ironia, a felicidade também pode ser isto, menos a minha.
Aterro no propósito deste mensagem. Acabei no Zêzere o terceiro "ultra esforço" no espaço de um mês e agora descanso até Janeiro, altura em que responderei a nova chamada da Serra da Lousã para o "Ultra Trail dos Abutres". O que posso dizer acerca da prova?! Realizou-se nas belas margens de um rio tranquilo  e fecundo que é Zêzere, foi razoavelmente bem organizada ( falta um bocadinho) e com  um percurso suficientemente duro e desafiante para um tipo afirmar que, "isto é que é trail"!
O desempenho desta vez foi melhor e menos sofrido do que na Lousã: 62º entre 165 "finishers" do Ultra Trail, com o tempo de 6h56m, num percurso com o D+ 2400mts e, pelas contas dos muitos que agora carregam GPS´s, aproximadamente 50km ( faltou um bocadinho). Comecei como sempre, lento na causa do pelotão e há medida que fui aquecendo e o percurso tornando-se mais técnico, comecei a subir na classificação. Nos primeiros 15km fui sozinho, depois tive a fantástica companhia do Vasco e mais adiante da Ana Groznik ( 4ª classificada feminina), que descolaram aos 42km, altura em que embati no meu "muro", embora não com a força suficiente para ficar KO.
Em jeito de conclusão: abraços ao Natesh e ao João Campos, companheiros de quarto e de um fim-de-semana bem passado, ao Vasco, amigo virtual que se tornou real ( com quem tive a oportunidade de falar coisas com interesse), tal com o Nuno Gomes, o "primo aventureiro" que a Margarida me apresentou virtualmente faz 3 anos e com tem tenho trocado elogios e cumprimentos acerca das nossas prestações desportivas, à Ana Groznick, uma força da natureza vinda do centro leste europeu e também uma excelente companhia para estas andanças e aos muitos camaradas que já não via fazia tempo e a propósito de quem guardo recordações de boas conversas e espírito fraterno.
Um conselho: viagem pela nossa terra fazendo desporto ( e a oferta é tanta agora)! Garanto-vos que guardam melhores recordações do que o "jet lag" e a "intoxicação alimentar" que apanharam a 5000km de distância daqui, além de não descobrirem que, o souvenir caro que compraram feito por artesãos mexicanos, é afinal um produto de uma linha industrial da China.
Abraços

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