segunda-feira, agosto 19, 2013

UM EMPENO INESPERADO E OUTRAS COISAS - II

E pronto, mais um período de férias que acaba e cá estou de regresso a uma Lisboa muito quente, mas bastante animada em Agosto. Desde que regressei há já cinco dias só consegui fazer um treino de corrida e ainda assim, senti-me a "derreter". Hoje falhei o da manhã porque acordei tarde num dia em que se esperam 40º, tento mais logo, quando começar a soprar a habitual brisa marítima refrescante ao final de tarde.

Faltam-me um período de férias em Novembro que não sei utilizo para visitar uma amigo no sul da Alemanha ou outro na Suiça ou ainda cumprir o desejo antigo de pedalar em Copenhaga, talvez esta seja a hipótese mais plausível, tudo em modo "low coast", claro, que o dinheirinho não estica e aqui o tuga adapta-se bem a circunstâncias "mínimas". Aqui só para nós que ninguém nos ouve ( porque ler aparecem por aqui uns quantos distraídos) , Portugal sufoca-me há muito e não é só por causa do calor, estes momentos de "arejamento" fazem-me bem à saúde, e já que não consigo a "cura" ( por-me de vez ao fresco), pelo menos servem de "tratamento". Companhia de viagem aceita-se.

Retomo o que deixei por escrever, num dia de "empeno inesperado" - Ler a Parte I

Experimento o areal com a bicicleta, não era a primeira vez que conseguia ir até Fonte da Telha pela praia na maré vazia. Surpreendentemente consigo ir mais longe, até à boca da Lagoa, apesar do último quilómetro tê-lo feito com a bicicleta "à mão"! É certo que a partir da Fonte da Telha tive muitas dificuldades de progressão, o que me leva a tirar pressão dos pneus, mas a amplitude da vazante é tão grande que consigo avançar neste paraíso onde apenas avisto gaivotas, poucos passeantes e raros nudistas.
Imaginei que com a bicicleta seria difícil atravessar a boca da Lagoa de Albufeira, a nadar, noutras circunstâncias, já o fiz muitas vezes. Quanto ali chego a água dá-me pela cintura mas a corrente da vazante é muito forte. No entanto, animado pelo regresso do espírito do aventureiro de outrora ( e de agora), tento a travessia com a bina ás costas. Caminho obliquamente de fora para dentro, ou seja contra a corrente, se fosse arrastado, muito provavelmente iria ter ao mar e corria o risco de perder a "máquina", mas ainda assim arrisco, força nas canetas! Talvez por terem percebido que eu tenho uma parafuso a menos, vieram em meu auxilio três prestáveis nadadores salvadores. Calma rapazes, aqui o velho safa-se e quando vai ao tapete, habitualmente levanta-se, além disso os deuses nas circunstâncias mais insólitas e arriscadas tem estado do meu lado, até agora sou um protegido pelas forças invisíveis do universo, acho é que já esgotei os "créditos" :-)
Já que consegui atravessar para este lado a passeata vai ser outra. O tempo foge, passa do meio dia e a fome aperta, penso em comer qualquer coisa. Não me sai da cabeça as sandes de choco na sede do Azóia, um clube sediado ali para os lados do Cabo Espichel e onde de vez em quando faço uma perninha na equipa de orientação ou na das corridas de aventura. Vou até lá passando por Alfarim, Aldeia do Meco  e depois Campimeco ( Praia das Bicas) por estrada, depois por um caminho em terra batida à esquerda vou mesmo sair perto da Azóia. O café da sede está aberto, mas as famosas sandes de choco nem vê-las, só de fiambre, maricon, bah, avanço para Sesimbra para uma tasca onde já comi umas saborosas bifanas em tempos. Apesar de esfomeado, faço os melhores trilhos do percurso,  já os conheço mas há muito que por lá não passava. A paisagem é deslumbrante, sempre a ver o bonito azul do mar a sul e os trilhos maravilhosamente técnicos, com muita pedra, regos de água, subidas e descidas. Não tenho o "à vontade" de outrora em cima da BTT mas surpreendo-me, afinal ainda estou "operacional" e a adrenalina ainda "bate" forte. Entretido com estes pensamentos, cometo o primeiro erro do dia, o trilho que optei por fazer acaba dentro de uma enorme pedreira que já "devorou" grande parte da arriba nos tempos áureos da betonização do país, agora está incrivelmente silenciosa, deve ser da crise das obras públicas e privadas. Atravesso-a e retomo o trilho que me leva  a Sesimbra por uma descida para bater limites de velocidade, mas cuidado que o chão é em gravilha, tem uns socalcos e derrapa como o caraças. Chego finalmente ao almoço, sento-me na esplanada entre pescadores e uma turista com pernas até ao pescoço e peço uma bifana e uma cerveja preta que aos primeiros goles fazem-se soltar em monólogo audível a frase que até fez sorrir a dita "camóne": "como a vida é bela!"
Continua...

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