domingo, maio 26, 2013

GUINCHO - ESTA DEPRESSÃO QUE ME ANIMA


A subida mais dura do percurso, cerca de 10º de inclinação.

Depois de encerrar o capítulo da "metafisica das causas", acabara de abrir o seguinte, "a causa das coisas todas começando a partir das pequenas". Ia lançado, no fundo já são 46 treinados anos de pensamentos avulsos sobre tudo e sobre nada ( sobretudo sobre nada), uma espécie de colecção de epistolas inúteis de uma obra maior para a qual já encontrei um pomposo título de " esta depressão que me anima", quando o  "estado de arte" de mim  próprio e o meu modesto Fiat são inesperadamente travados no parque de estacionamento por dois fraternos moradores de um hospital psiquiátrico das redondezas, quiça durante a sua secreta missão de ver de perto o mundo dos espíritos aprisionados em afazeres dominicais. Tenho uma admiração sagrada pelos loucos (embora grande parte da humanidade tenha por eles uma profunda e disciplinada devoção), sobretudo pela sua resistência revolucionária ao "sistema normal", nobre e dura luta que nem exércitos de comprimidos multicolores fabricados no espaço por laboratórios suiços com cobaias extraterrenas levam de vencida. Assim, baixei o vidro e de imediato me dispus às suas solicitações: " dá-nos dinheiro para beber café, chefe" inquiriram. Respondi em fascínio por aquelas bocas de rara dentição amarelada, rostos magros, lábios brancos e espumosos e olhos vidrados, "ok camaradas, esperem um pouco, vou ver o que tenho" enquanto abria a carteira oferecendo-lhes o que descontava do preço da portagem de Carcavelos que iria pagar daí a instantes no regresso a casa depois de um "interlúdio" domingueiro sofrido numa prova de atletismo . 
Beber café e fumar cigarros diariamente são um prazer que também já tive. Agora corro, mal, digo que sou desportista ( faço "desporto") mas ainda bebo café... e fumo... raramente... às escondidas.  Beber café e fumar cigarros compulsivamente durante anos a fio sem problemas de consciência, liberto da ideia absurda de vir a ter cancro no pulmão ou no estômago ou ainda do que as pessoas pensam sobre o nosso estado físico e mental, deve dar um gozo do caraças! No fundo, para morrer preciso estar vivo e estar vivo a maioria das vezes é uma grande maçada, sobretudo quando se tem consciência disso. 
O resto, foram dores nas pernas e uma maravilhosa "depressão que (sempre) me anima".

Sem comentários:

À VOLTA DO SANTIS ( PARTE I)

Como o planeado saí de Konstanz para passar uns dias com um amigo nos arredores do cantão suiço de Sankt Gallen. Não tinha...