domingo, junho 26, 2011

Campeonato das CA´s – A desilusão apesar do lugar no pódio

Uma crónica que ficou por publicar há dois anos.

A prova começou em Ponte da Barca depois de um "briefing" no qual foram dadas além de algumas explicações sobre as características das etapas, algumas "certezas" quanto ao traçado que depois vieram a confirmar-se não passarem afinal de intenções trapalhonas para credibilizar o evento. Refiro-me às palavras do director de prova que afirmava durante este habitual "prefácio" de cada corrida de aventura, serem as etapas "fazíveis para as equipas mais fortes", o que me levou no final a dizer à minha equipa que gostava de conhecer o "super-homem(s) que testou a prova", é que nem as equipas mais fortes do pelotão nacional conseguiram fazer 2/3 do referido traçado(!), mas já lá vamos.
A 1ª etapa começou com um score urbano e a atribuição de 1 CP de bonificação para as equipas que o fizessem em 30m. Achamos fácil demais, mas pronto, temos um bom navegador e não rolamos nada mal, se bem que... A 2ª era um BTT em linha de pouco mais de 27km em "terreno montanhoso e de desnível significativo". Não começamos muito bem, fazia muito calor e de facto as subidas eram significativas, mas como já é habitual, fomos crescendo de forma e confiança. Notei que o António referia com frequência a desacualização do mapa e reparei pela parte que me toca, que havia alguma incoerência na colocação das balizas. Mas pronto, é um percurso em linha e desta forma ( e a meu ver) é sempre difícil fazer uma crítica mais objectiva às intenções da organização em fazer-nos descer 4km e depois subir o mesmo sem encontrar neste troço um CP.
Fomos a 2ª equipa a partir para os 27km da 3ª etapa pedestre que decorreria como dizia o raidbook em" desníveis acentuados com zonas pedregosas".Efectivamente depois de uma transição muito rápida, partimos confiantes para esta etapa, mesmo sabendo que tinhamos deixado por fazer 2CPs na etapa anterior, mas que dada a nossa antecipação contávamos recuperar mais tarde.
Os CPs desta etapa começavam na travessia a nado do rio Lima, 400mts com mergulho a meio e que valia 3cps ( 2 pela travessia e 1 pelo mergulho). Como nadamos todos bem ( mesmo carregados com equipamento e calçados), chegamos ao outro lado a tempo de sermos a 1ª equipa a partir para o que restava da etapa ( a equipa que lá estava tinha acabado de chegar e estavam a tirar a roupa molhada) quando ainda se avistavam poucas equipas no rio. Confiantes na experiência e boa forma, começamos a "devorar" a serra apesar de uma anciã nos ter dito para termos "cuidado com os lobos", afinal os devorados podíamos ser nós ( é falso que os lobos devorem homens, é um mito, estou portanto a brincar)! Mais uma vez o acentuado declive provocou de início as habituais "adaptações", mas nada demais e enquanto a paisagem fantástica nesta zona desfilava aos nossos olhos as nossas pernas( mais as minhas que levava calções), arranhavam-se nuns espinhos que devem ser da mesma espécie que os que colocaram na cabeça de Cristo na via sacra., abriram não riscos, mas sulcos na pele.
Mais um habitual trambolhão, mais uns calções rasgados e mais CPs, mas um diferente desconforto quanto à qualidade do mapa e opções. A desilusão só tomou conta de nós quando nos apercebemos que esta etapa só tinha como "estratégia" correr da partida para a chegada e... por estrada(!), só assim seria "fazível"! Duas equipas ( as que tomaram esta decisão) não rebentaram e puderam partir para a etapa seguinte, uma delas e um tanto ao quanto estranhamente, os nossos directos adversários. Digo "estranhamente" porque em 1º lugar, ninguém competitivo vem a uma prova para ter como "melhor opção" correr pela estrada da meta até à chegada e 2º porque nenhuma equipa que tem na frente uma equipa competitiva e que ainda por cima ficou toda a época à sua frente nas classificações, toma uma opção destas sabendo que pode perder ai muitos CPs. Estou intrigado com isto e nem quero pensar que houve uma conduta anti-desportiva ( como por exemplo alguém da organização ter passado informações, desvirtuando a competição), prefiro antes pensar que a referida equipa foi antes, brilhante ( pois era mesmo preciso sê-lo)(!) e percebeu bem e depressa a marosca desta etapa ( isto foi mais que marosca, foi "ciganice"), se sim ( e quero acreditar nisso) ,com todo o fair-play, parabéns, se não, eu sempre fui um tipo muito crédulo e é por isso ainda hoje não acredito em apararições, milagres e outros fenómenos que não sejam produzidos pelo génio ou pela malícia dos homens!
Sentimos que após esta "espécie de etapa de corridas de aventura que até podia ser se fosse traçada e testada por homens comuns", a prova estava comprometida e que o título nos fugiria. Para quem tem o trabalho de ler a minha prósapia eu explico: quando se "rebenta uma etapa", perdem-se todos os CPs que se fazem nessa etapa e não se pode partir para a seguinte, ou seja, perdem os CPs de ambas.
Na altura da partida para a canoagem nos rios Vez e Lima, já a insatisfação se instalara na maioria dos participantes, ponderando já algumas equipas abandonar a prova em protesto pelas sucessivas "incoerências" ( facto que veio a acontecer mais tarde pelo cumular das mesmas). Nós, partilhando a crítica e o sentimento a ele subjacente com o resto do pelotão, repetimos em coro a mesma frase: "deixamos ver o que isto vai dar"...
E deu, numa canoagem fantástica ( com saltos de açudes, acelerações e viragens com mapas a "navegarem" rio abaixo e a serem resgatados antes que desaparecessem levados pela corrente), mas perigosa porque foi feita de noite e com árvores atravessadas no leito ( onde algumas equipas se embrulharam) e onde foi mais uma vez fácil concluir que ninguém da organização havia testado a travessia. Se assim fosse, teriam alertado os participantes para estes perigos, ou melhor ainda, tinham suprimido a etapa anterior para que as equipas pudessem ir mais cedo para o rio, mas nada disso aconteceu e felizmente nada de muito grave também, amén.
Depois... bem depois tirando o nascer do sol na Serra D´Arga e o canyoning no puro Rio Âncora (com tobogãs e destrepes e rappel a acabar), nada de mais há a dizer. Bem, nada não, o Clube Aventura do Barreiro é vice-campeão nacional de Corridas de Aventura, parabéns aos meus 5 companheiros de aventura a Esmeralda, o António, a assistência da "incansável" Ângela, o camarada Zé ( a dar ânimo e assitência também) e à ante-projecto de aventureira, a Sara, que a todos conquistou com a alegria própria das meninas da sua idade, ao grupo, obrigado pela vossa companhia!
Para o ano há mais, mas espero que de melhor qualidade!

Segue-se a Freita (UTSF - 60km), talvez a Ultramaratona Melídes-Tróia( se o ciático quiser colaborar) e a certeza dos 105Km da Madeira em Setembro!

Até breve.

PS - Foi sem convívio e público e portanto sem dignidade que decorreu a entrega de prémios de um Campeonato Nacional de Corridas de Aventura, o 2º sob a égide da FPO. Uma prova "desastrada" chamada Extreme Challenger promovido pela empresa Geapro, ACRAP e FPO.
Depois disto tudo, partimos com a esperança de pelo menos repetirmos a refeição de sexta-feira em Ponte de Lima, agora em Viana do Castelo( um tradicional "Arroz de Sarabulho"), mas até nisso tivemos azar, escolhemos umas sardinhas à "Extreme Challenger", bolas!

;-)


sábado, junho 25, 2011

Monsanto e o Jorge I ( Abril 2011)

Caminhada em Monsanto com duas copiosas molhas pelo meio a meio de um bonito trilho de quercus 

Monsanto e o Jorge aparentemente não tem em nada em comum. O primeiro é o espaço habitual onde caminho, corro, ando de bicicleta, brinco com a minha filha e passeio com a família, o segundo, um amigo de infância falecido recentemente. Não sei se algum dia o Jorge esteve em Monsanto com a família, se aqui brincou com os filhos ou andou de bicicleta, espero que sim, mas se não, ao evocar ali ontem a sua memória, foi como estivesse estado, pelo menos durante as 3hrs que por ali andei sozinho, ou melhor, com o Jorge.
Foi meu parceiro de aventuras da infância e adolescência até que lhe perdi o rasto, o que acontece muito frequentemente com muitas das pessoas significantes deste período da vida .Quando reaparecem explodimos de contentamento por vezes (mal) disfarçado em trejeitos de adulto, quando desaparecem deixa-nos uma mágoa que estranhamente carregamos por dias a fio. Eu não via o Jorge há mais de 25 anos, soube da sua morte pela minha mãe durante aquelas visitas de "cortesia" familiar, que depois percebemos são cheias de amor e saudade e por isso se tornam cada vez mais difíceis de suportar à medida que nos apercebemos das inevitabilidades da vida." Zé Manel, o Jorge tem um cancro, está a morrer, não vais visitá-lo?!" Eu, a pretexto de afazeres estéreis " Um dia destes quando for ao Algarve" ( estava internado no hospital de Faro), cobardias... (continua)

segunda-feira, junho 06, 2011

UM MUSTANG DE DUAS RODAS SEM EMISSÕES DE CO2.

MBK "Made in France", comprada na IBA em 1996 e que até 2001 fez a maioria das provas do circuito de Triatlo
 Selim Rolls em pele o melhor da altura ( comparado com os de agora é um "banco de pau")
 Um Cromoalloy 501 Reynolds não era o Ferrari dos quadros mas era um verdadeiro "carro de combate"
 Panorâmica geral, agora com "porta-bagagens"
 "Pedais de encaixe"
 

Uma "estradista citadina old fashion" com muita pinta

Depois de alguns anos ao abandono na garagem dos meus pais, decidi recuperar a minha velha bicicleta de triatlo dos anos 90 para a utilização na cidade transformando-a numa "estradista citadina". Correspondeu a dois anseios, o de recuperar um objecto com "história" reclicando-o para novas funções e também poder deslocar-me rápida e ecologicamente aqui por Lisboa. Assim, com um orçamento baixo e peças em 2ª mão eis o meu novo/velho "veículo" que servirá para testar, com algum risco é certo, as estradas de uma cidade frenética onde toda a gente utiliza o carro, nem que seja para se deslocar uns metros além da porta de casa. Sinal de uma vaidade provicianista que tarda em desaparecer e que torna uma cidade bonita  num espaço alcatroado onde abundam as "vias rápidas" e onde o ar que se respira às 17h em plena Av. da Liberdade é dos mais poluídos da Europa. 
Em testes hoje aqui entre Angés, Pedrouços e Restelo portou-se muito bem! Apenas de sentir que bato com os calcanhares no porta-bagagens por causa de um suporte traseiro que não é propriamente adequado para este modelo e das mudanças que "arranham" quando subo, uma questão de pericia, pois ainda são do tempo em que todas eram "manuais", o resto está uma maravilha, pois quando lhe dou "corda" ultrapassa muitos carros engarrafados ou em marcha lenta. Ou seja, um verdadeiro "mustang" de duas rodas sem motor e emissões de CO2!

À VOLTA DO SANTIS ( PARTE I)

Como o planeado saí de Konstanz para passar uns dias com um amigo nos arredores do cantão suiço de Sankt Gallen. Não tinha...